Criei um Bolão da Copa usando Power BI, Flourish e Google Forms (parte 2)
Esta é a segunda parte do artigo em que descrevo como criei o meu Bolão da Copa. Clique aqui para ler a primeira parte, na qual falo sobre modelagem e tratamento de dados.
4. IDENTIDADE VISUAL
A identidade visual foi quase toda criada no Canva. A logo, principalmente. As referências eram óbvias: para a fonte, usar algum tipo que lembrasse a escrita arábica, ou ao menos algo que fosse um pouco difícil de ler; para as cores, seguir alguma palheta que aludisse à bandeira do Qatar.
Também usei o Canva para criar as telas de fundo — e aqui foi outro aprendizado doloroso, já que as limitações do Power BI para o design de qualquer item que não sejam as tabelas e os gráficos são extremamente frustrantes.
Uma ação simples como movimentar uma caixa de texto se torna uma tarefa inexplicavelmente complexa, e você ainda tem que conseguir ornar com o layout da tela de fundo, que é importada para o Power BI como uma imagem estática.
Acima, a tabela de resultados mostra o desempenho de um dos participantes ao longo de vários jogos. Cada marcação em verde mostra o que ele acertou. Na coluna “CHI?”, leia-se “Acertou a CHINELADA?”; na coluna “Ac. Dif?”, leia “Acertou a diferença do placar?”; e, em “Ac. V/E?”, leia “Acertou o vencedor ou o empate?”.
5. MOBILE vs DESKTOP
Minha intenção era que os participantes pudessem acompanhar os resultados também pelo celular, sem precisar ligar o computador. O Power BI até permite que você adapte automaticamente seu projeto para uma versão mobile, mas é necessário que você tenha instalado o app do Power BI no seu celular para conseguir ver essa versão. E eu não queria dar esse trabalho aos participantes.
Então eu dupliquei toda a estrutura e adaptei o layout das páginas para que ficassem na vertical (adequado para a visão dos dados no celular) e publiquei na web como se fosse uma versão desktop, mesmo.
Resumindo: para um mesmo grupo de participantes, com os mesmos resultados, eu precisava manter dois arquivos diferentes no Power BI: um com o layout desktop e outro com o layout mobile.
E, a cada update de resultados, eu precisava abrir cada arquivo, dar nova carga de dados, verificar inconsistências e publicar uma versão atualizada.
Eu estava organizando o Bolão em três grupos diferentes de participantes — um com 14 pessoas, outro com 22 e um terceiro com 27. Ou seja, a cada update diário dos resultados, eu precisava abrir e republicar 6 arquivos diferentes do Power BI (que é um programa pesado, que às vezes demora para carregar e processar os dados. Daí você pode imaginar a quantidade de tempo que eu dedicava ao Bolão todos os dias).
6. CAVALINHOS NO FLOURISH
Para auxiliar no story telling e visualização de dados, me inspirei nos cavalinhos do Fantástico e adicionei um recurso externo: um gráfico interativo do Flourish.
O Flourish é uma plataforma online e gratuita em que é possível criar uma infinidade de gráficos para visualização de dados complexos — ou não — de forma simples e interativa. É bastante utilizada por jornalistas de dados.
Com o gráfico dos “cavalinhos”, os participantes podiam ver a sua evolução na tabela de classificação ao longo de cada dia da copa. [Substituí os nomes dos jogadores pelos seus IDs para manter a discrição]
[Clique aqui para ver o gráfico acima em movimento]
Acompanhar os “cavalinhos” ficou ainda mais divertido a partir do mata-mata, quando os jogos valiam cada vez mais pontos e cada acerto já fazia muita diferença na classificação.
7. COMUNICAÇÃO E UPDATES INFORMATIVOS
A comunicação com os participantes era toda feita por meio de grupos no WhatsApp. Lá, eu publicava prints dos resultados de cada jogo e da classificação atualizada, mostrava curiosidades sobre os palpites (Ex: “NINGUÉM botou que a Arábia Saudita ganharia da Argentina, olha que loucura!”) e avisava que a home page com o projeto do Power BI estava atualizada.
No início, optei por deixar os grupos fechados para que apenas eu pudesse enviar as mensagens e informativos. Assim, evitaria assuntos alheios ao contexto do Bolão. Mas os participantes logo começaram a reclamar, no privado, dizendo que estavam sentindo falta da interação com os outros participantes e de poder comentar os resultados dos jogos e fazer brincadeiras.
Então, alguns dias depois do início da Copa, abri os grupos para que todos enviassem comentários; a experiência ficou realmente mais interessante dessa forma e não houve grandes contratempos em nenhum dos grupos — exceto após a eliminação do Brasil, quando, ainda com os ânimos exaltados um dos participantes não gostou de uma piada feita por outro e se retirou do grupo.
8. A FINAL
O gran finale do Bolão seria, literalmente, a final. Me propus a fazer a atualização dos pontos em tempo real, com novos updates no WhatsApp a cada gol da partida. Com a finalíssima valendo sete vezes a pontuação de uma partida da primeira fase, cada mudança no placar faria MUITA diferença na classificação final e poderia mudar completamente o cenário dos premiados do Bolão.
Então, após cada gol, eu enviava a tabela atualizada — como ficaria a classificação se o jogo terminasse daquele jeito. E, para ajudar, os deuses do futebol quiseram que a final entre Argentina e França fosse uma das partidas mais emocionantes de todos os tempos.
A cada gol, a classificação mudava completamente. Quem estava liderando até o 2x0 da Argentina, em minutos despencou para o meio da tabela depois que Mbappé fez seus dois gols mágicos.
Em um dos grupos, um participante que ficou no meio da tabela durante toda a copa, de repente tornou-se o líder quando Messi fez 3x2 na prorrogação implicando numa incrível “CHINELADA” com um placar ousado; por cinco minutos, ele teria embolsado a grana da premiação… até que Mbappé empatou o jogo novamente e nosso amigo voltou para o meio da tabela.
Ou seja, para os participantes, o update em tempo real deu ainda mais emoção a um jogo ultra emocionante por si só — principalmente para quem ainda tinha chances de ganhar o prêmio.
Ao fim da partida, ainda criei mais um gráfico do Flourish para mostrar a mudança da pontuação a cada gol marcado. Olha como foi em um dos grupos: [clique aqui para ver em movimento]
CONCLUSÃO
Desde meados de julho até dezembro, foram praticamente seis meses de envolvimento no projeto, que desenvolvi de cabo a rabo e sem qualquer ajuda — a não ser por esse tutorial do Laennder Alves que ajudou muito na modelagem e tratamento de dados no Power BI.
Com o Qatar Gollnick 22, tive a chance de fazer um pouco de tudo: criação e desenvolvimento de projeto, modelagem e tratamento de dados, relacionamento de tabelas, linguagem DAX, visualização de dados, story telling, experiência do usuário, debug de projeto já em produção, atendimento ao cliente e engajamento e moderação de comunidade digital.
Em termos de plataforma de inteligência de negócios, vários gargalos do Power BI ficaram bem palpáveis durante o desenvolvimento, e tenho quase certeza que desenvolver o mesmo projeto em Qlik poderia ter facilitado várias tarefas — ao mesmo tempo que complicaria outras.
Vejo o Qatar Gollnick 22 como um produto bem encaminhado, porém ainda muito custoso em termos de horas gastas. Vários pontos precisam ser melhorados, sendo o principal deles a automatização dos tratamentos dos dados dos formulários e input automático deles no banco de dados.
Muito obrigado por ter lido até aqui! Me adicione no LinkedIn caso a gente ainda não se conheça!